quarta-feira, 22 de janeiro de 2020

No tempo sagrado do passado

Uma melancolia se aproximou nesse engarrafamento matinal. A razão tenta explicar pelo calor do período, pela hora que ignora o engarrafamento, mas... está cedo... já conto com o trânsito... enfim... não tinha explicação plausível para o desconforto do momento. Mas... antes... Algo chamou minha atenção através da janela do ônibus em movimento, isso me levou para longínquos tempos onde a tristeza estava presente. Sou dada a reminiscências nostálgicas, fico atenta a esse traço de caráter. Mas, vez por outra, escorrego feio. Enfim, quando algo aparece, o caminho a percorrer é acolher, aceitar e resignificar
ACOLHER é a compreensão de que aquilo está acontecendo e tem uma razão de ser, se espantar o pensamento sem critério, este ficará adormecido de um olho só, aguardando novo gatilho...aí vamos trabalhar a aceitação.
ACEITAR é ter a delicadeza de perceber que aquele sentimento é também parte de cada um de nós. Entendo que chegou e olho de frente com carinho por mim mesma, e por "aquilo" que se apresentou. Vou então de forma atenta resignificar.
RESIGNIFICAR é perceber exatamente de onde saiu, se perguntando se agora isto está acontecendo? Claro que não... então... se colocar no momento presente é a solução para espantar os fantasmas do passado.
Resignificar é compreender que o que passou, sendo bom ou desafiador, serviu de base para você ser o que é, e assim exercitar o poder de agradecer por tudo, afinal te tornou esse ser magnífico que se aperfeiçoa a cada dia... só que já passou...
Agora estou confortavelmente instalada em um ônibus com bons acentos, com uma temperatura relativamente aprazível e olhando para mim... estou respirando bem e escrevendo nesse objeto multiuso que é o celular, estou em segurança. Olhar para o momento vivido te conecta com o presente, que é um presentão, mesmo.
Ficar remoendo o que já foi, impede o fluxo de energia do que está sendo vivido.
Retomo meu fluxo, sorrindo, procurando uma meditação que ouço com o fone de ouvido que tiro da minha bolsa, bebo um gole da água turbinada com folhas recém colhidas de Hortelã Pimenta e sigo muito tranquila vivendo o momento do agora, estando, de verdade, desperta.
Deixemos o balão subir levando essas lembranças... se elevar até o infinito do espaço sagrado do passado, que deve ficar exatamente onde está... lá trás.
Preciso parar de escrever, pois chego ao meu destino, pessoas estão tocando a campainha e o motorista já está diminuindo a velocidade. Então vou em paz para meus afazeres diários.
Chuva de bênçãos e um lindo dia para todxs nós.