“Bebida é água!
Comida é pasto!
Você tem sede de quê?
Você tem fome de quê?”
Essa música hoje me seguiu, aceitei o convite, cantei e lembrei de algo que quero elucubrar. Chico Xavier, em sua
passagem em nosso plano material, protagonizou inúmeros eventos
recheados de lições. Histórias contadas pela multidão que o acompanhava e que coloria essas histórias a seu bel prazer.
Numa das passagens
pitorescas contadas, esta eu ouvi algumas vezes, uma senhora em Uberaba, onde
se fazia distribuição de sopa, estava na fila pela terceira vez. Os tarefeiros foram falar com Chico, pois ela já havia sido orientada sobre esse procedimento e ignorado completamente.
Chico, vendo sempre
as coisas de um angulo mais profundo que a maioria, olhou compassivo e
categoricamente afirma:
- Deixem-na, deve sentir mais fome que os outros.
Essa visão
compreensiva causa ainda muito espanto, claro que para olhos distraídos como
uma pequena senhora podia comer tanto, porém a fome que movia a senhora em
questão não era a que nutre o corpo e sim uma mais intensa muito mais difícil
de saciar. Essa fome é da alma desnutrida, faminta, sedenta.
Essa fome pertence a
uma esfera de solidão, de abandono, de raiva, do ressentimento, de
invisibilidade, que nem sempre é fácil perceber, mas que pode, inclusive, levar
a obesidade ou as doenças de variados tipos.
Chico tinha uma percepção para
além da matéria, era capaz de perscrutar esferas mais sutis, e vendo com os
olhos que a terra não desintegra, ele detectou a fome da velha senhora e motivou, com a simplicidade de sua resposta, a todos a trabalharem a atenção para o que não pode ser visto com os olhos rígidos das regras e procedimentos.
Essa historieta nos
toca e nos remete a nossas fomes. Num dia carente senti uma fome especifica de
bolo de fubá com café com leite, ok, vamos atender aos apelos do desejo, quando
a primeira garfada chegou a boca eu imediatamente entrei no clima do crítico do
filme “Ratatouille” e me vi transportada no tempo, onde o bolo era oferecido
com tamanha amorosidade pela minha mãe que era capaz de curar até dores, e ai
sim pude compreender que não era fome o que eu sentia, era carência materna,
havia um buraco emocional desejando ser tampado, e essa clareza me foi
útil naquele momento.
A
armadilha é não perceber e “emburacar” na comida como compensação de
afetos não supridos e ganhar de presente “trocentos” quilos mal vindos.
"A gente não quer só
comida,
A gente quer comida,
diversão e arte.
A gente não quer só
comida.
A gente quer saída
para qualquer parte.
A gente não quer só
comida,
A gente quer bebida,
diversão, balé.
A gente não quer só
comida,
A gente quer a vida
como a vida quer."
Os Titãs cantam e
todos concordamos fazendo coro. Queremos para além da comida. Queremos vida,
sabor, arte, amor, diversão, prazer, alegria, delícias de variados matizes.
Queremos, desejamos
muito e merecemos tudo de bom. Acredito piamente nisso.
E quando esse tudo
de bom não acontece como queremos é imprescindível que nos envolvamos numa
análise profunda, e possamos ver com olhos mais atentos à exemplo de Chico.
Algumas perguntas
poderosas, bem metodologia Coaching, podem ser feitas para nós mesmos. Responda
de preferência por escrito pois é uma boa via de materialização desse desejo. Vamos lá:
1. O que me move em
direção a esse desejo? Vai fundo
nessa questão, use de sinceridade, verdade e seja 100% você. Escreva e queime depois de ler se for muito
tenso ou impublicável.
2. Esse desejo é meu
mesmo ou penso que quero porque todos querem? Quem mais quer o mesmo que eu? Todo
mundo? Esse povo do mundo nem sempre está muito certo do que quer. E eu sou eu dento de mim.
3. Já empreendi
TODOS os esforços (financeiros, emocionais, atitudinais) possíveis para ir em
direção ao meu desejo?
4. Já declarei e
deixei explícito meu desejo para o Universo?
5. Me sinto
merecedor ou merecedora desse desejo atendido?
6. Já me visualizei
como alguém que já tem esse desejo atendido? Como
me sinto tendo o que almejo?
Muitos de nossos
sonhos e desejos nem são reais e sinceros. Vá fundo nas respostas e depois
trace planos de ação para a concretização, caso você ainda deseje a mesma coisa depois de responder
a estas questões. E se houve necessidade de refazer cálculos e reorganizar
planos continue escrevendo.
Sonhe, mas não fique
na esfera dos sonhos nos braços de Morfeu,
parta para a ação. Mas depois de ter se envolvido por inteiro, esse sonho ainda
correr de você, aí sim é hora de sonhar diferente, algo mais plausível, mais
adequado, mais real. Aceite o não do Universo e siga em frente sem lamentações
com novos sonhos e projetos. Pode chorar e se lamentar, é legítimo, mas que
seja rápido, a vida te espera com novas fomes, novas sedes e novas
possibilidades de ser feliz.
Ilustro com tomatinhos cerejas recheados com queijo de castanha de caju e trigo germinado, estimulando o desejo de comer algo belo e bom.
Chuva de bênçãos ao som da música de hoje: COMIDA
para todos nós.