segunda-feira, 28 de março de 2016

SOBRE PONTES E MUROS

Hoje acordei madrugadamente com essa música do Renato Russo na mente. Não há mesmo o amanhã desejado e sim aquele que virá por si só. Mil pensamentos povoavam meu cérebro de macaco de galho em galho, como dizem os orientais. Pensei em muros e pontes, levantei e vim escrever.

Muitos textos aparecem todos os dias através dos meios virtuais, esta semana dois deles me chamaram muita atenção, o primeiro foi um atribuído a Adélia Prado que é uma preciosidade, o outro de um religioso da igreja anglicana, este já tinha lido antes, mas que agora senti diferente.
Este texto se intitula: “Construa Pontes e não Muros ao seu Redor”, está na íntegra no final da minha conversa, seguido do texto da Adélia prado.
Pois bem, construir muros e pontes sobre o ponto de vista físico vão quererer material básico semelhante: trabalho e projeto.  Imagino que na construção civil a logística para fazer pontes seja de uma complexidade maior, por isso na metáfora seja mais fácil construir muros.
Como construir muros sabemos bem, tijolo por tijolo de críticas e recriminações, olhares de menosprezo sutis ou declarados, farpas verbais, excesso de egocentrismo, medos e culpas, prisão no passado, grandes e inatingíveis projetos de futuro, ausência de perdão e auto perdão, agressão e indiferença, desejo que o outro seja do jeito que queremos e não do jeito que pode ser. Estes são bons componentes na construção de muros. Tijolo por tijolo, dia após dia e temos um grande e forte muro, por vezes quase intransponível.
O texto atribuído a Adélia Prado ensina a fazer pontes. Ponte liga um coração ao outro, como construir? Entendo que o cimento tem que ser boa vontade e aceitação. Aceitação do outro e aceitação de si mesmo nas suas limitações.
Perceber os pequenos detalhes, deter-se em ser gentil diariamente, fazer uma xícara de chá, tirar o cabelo do rosto, comprar algo que você não gosta, mas que o outro ama, um elogio delicado, rir junto até sair lágrima do olho, um olhar de aprovação, uma massagem no pé, um presentinho baratinho fora de hora, valorizar o que é importante para o outro, escrever delicadezas, ligação só para saber como está, ouvir o outro mesmo quando o soninho tá batendo, etc e tal.
Há tantas formas de amar e queremos efeitos pirotécnicos e grandiosos, se não acontecem, pronto: tijolinho para o muro. Ficar detido em detalhes, esperando o que não vem, também é tijolinho. Esperar do outro o que não pode dar e cobrar por isso, também é tijolinho. Esperar mudanças rápidas também é tijolinho. E vamos nós juntando tijolinhos para nosso muro subjetivo que pode se transformar em objetivamente afastar as pessoas de nós.
Que possamos usar de sensibilidade para a construção de pontes, valorizar os muros de proteção, necessários, sem que sejam elementos que nos afastem do ato amoroso de viver com o coração aberto sem resistências nem amarras.
Meus pais vieram de lugares diferentes e se encontraram aqui como muitos casais. O ator Alexandre Lino uma vez pediu no facebook que se escrevessem histórias de nordestinos e eu escrevi a minha, da ponte que uniu meus pais e que me possibilitou a vida aqui neste lindo mundo. Este acabei de postar “Nosso estranho Jeito Brasileiro” http://teresaquintas.blogspot.com.br/2016/03/nosso-estranho-jeito-brasileiro.html”, escrevi a tempos e fui deixando e esquecendo. Hoje estou declarativa e vou fazer dois posts. Escrevo por amor a expressão livre sem medo de errar nem de “mandar mal”. Escrevo, parafraseando Cecilia Meireles, porque o instante existe, e a vida é plena de alegrias e motivos para sorrir.
Chuva de bênçãos para todos nós, que estas gotas nos contaminem e possamos a cada dia construir mais e mais pontes que nos liguem a todos os corações do mundo.

CONSTRUA PONTES E NÃO MUROS AO SEU REDOR
Pedro e João eram amigos de infância. Certo dia se desentenderam por um motivo banal e desde então foram alimentando ressentimentos mútuos. Por fim nem se falavam mais. Moravam em sítios vizinhos, tendo apenas um riacho como limite entre suas propriedades.
Um dia apareceu pela redondeza um pedreiro à procura de trabalho. Bateu à porta do sítio de Pedro e ofereceu-se para prestar-lhe serviço. Pedro pediu-lhe que construísse um muro para servir de limite entre as suas terras e as de seu vizinho. Depois de relatar ao pedreiro sua desavença com João, recomendou também que construísse um muro bem alto.
O pedreiro iniciou o seu serviço, enquanto Pedro saiu para resolver outras coisas. Ao entardecer, quando voltava para casa, Pedro teve uma surpresa. O homem havia construído uma ponte entre duas propriedades e não um muro como ele havia pedido.
Irritado com a situação, já estava para recriminar o pedreiro por ter-lhe desobedecido, quando avistou o amigo na ponte vindo em sua direção e dizendo:
- Pedro! Agora vejo como você é um amigo de verdade, mandou construir uma ponte entre nossas propriedades apesar do desentendimento que tivemos! Ouvindo isso, Pedro também caminhou em sua direção, dando-lhe um forte abraço.
O pedreiro, presenciando a cena, se despediu. Pedro e João o convidaram para ficar, ao que ele respondeu: - Obrigado, mas eu não posso, tenho outras pontes para construir.
O mesmo material com que se constrói um muro, pode ser usado para construir uma ponte. Tudo é uma questão de escolha. Assim também acontece em sua vida: uma mesma situação pode ser utilizada para unir ou separar as pessoas. (Rev. Aldo Quintão - Catedral Anglicana de São Paulo)

QUANTO JEITO QUE TEM DE TER AMOR
Uma personagem põe-se a lembrar da mãe, que era danada de braba, mas esmerava-se na hora de fazer dois molhos de cachinhos no cabelo da filha, para que ela fosse bonita pra escola.
Meu Deus, quanto jeito que tem de ter amor. 
É comovente porque é algo que a gente esquece: milhões de pequenos gestos são maneiras de amar. Beijos e abraços são provas mais eloquentes, exigem retribuição física, são facilidades do corpo. Porém, há outras demonstrações mais sutis: Mexer no cabelo, pentear os cabelos, tal como aquela mãe e aquela filha, tal como namorados fazem, tal como tanta gente faz: cafunés. Amigas colorindo o cabelo da outra, cortando franjas, puxando rabos de cavalo, rindo soltas.
Quanto jeito que há de amar.
Flores colhidas na calçada, flores compradas, flores feitas de papel, desenhadas, entregues em datas nada especiais: "lembrei de você".
É este o único e melhor motivo para azaléas, margaridas, violetinhas.
Quanto jeito que há de amar.
Um telefonema pra saber da saúde, uma oferta de carona, um elogio, um livro emprestado, uma carta respondida, uma mensagem pelo celular, repartir o que se tem, cuidados para não magoar, dizer a verdade quando ela é salutar, e mentir, sim, com carinho, se for para evitar feridas e dores desnecessárias.
Quanto jeito que há de amar. 
Uma foto mantida ao alcance dos olhos, uma lembrança bem guardada, fazer o prato predileto de alguém e botar uma mesa bonita, levar o cachorro pra passear, chamar pra ver a lua, dar banho em quem não consegue fazê-lo só, ouvir os velhos, ouvir as crianças, ouvir os amigos, ouvir os parentes, ouvir...
Quanto jeito que há de amar.
Rezar por alguém, vestir roupa nova pra homenagear, trocar curativos, tirar pra dançar, não espalhar segredos, puxar o cobertor caído, cobrir, visitar doentes, velar, sugerir cidades, filmes, cds, brinquedos, brincar...

Quanto jeito que há. (Adélia Prado)

quarta-feira, 9 de março de 2016

DESAFIOS SÃO CONQUISTAS – “MESMO NAS DERROTAS.”

Não podemos pensar que as coisas sempre vão ser como gostaríamos que fossem. Que o comportamento dos outros irá combinar com os nossos sentimentos, atitudes e valores; que eles serão sempre suaves conosco.  Tanto a chuva como o sol são necessários para formar um arco-íris. São os desafios que criam os campeões." 
BK Suredran, Self-esteem and human relationships, World Renewal,December,2003 http://www.brahmakumaris.org
Ultimamente a Brahma Kumaris anda atingindo sua flecha certeira em meu coração. Haja coração! Essa mensagem que li hoje, me deu motivo para escrever. Desafio!!!!!! Esse é o assunto em pauta.
Deparamo-nos diariamente com múltiplos desafios. Viver neste lindo planeta azul já é por si só um desafio. Estar nesta veste carnal limitada é um grande desafio. Pois não somos pássaros mas gostamos de voar e para isso precisamos de um imenso aparato feito de inúmeras engrenagens que não conseguem atingir a altura do nosso desejo. 
E nesse cultivo do DESEJO de voar enfrentamos as limitações dos voos psíquicos. Seres desejosos que somos.
Aí entra a BK toda saltitante nos lembrando que as coisas não são conforme nosso desejo. Ora bolas! Como assim? 
Seres controladores planejamos e sonhamos, esquecidos que a realidade é simplesmente como se manifesta. E posso voar muito alto se compreender que existem limites que preciso aceitar. Afinal vivemos com os outros num conviver que nos obriga a estabelecer limites territoriais emocionais além dos físicos. 
Aceitar a realidade como esta se impõe é a maior chave de entrada para as modificações. A resistência e a necessidade de controle só nos engessam, e gesso pesa,  fazendo com que nossas asas fiquem pesadas demais para voar. E o corpo sofre e a mente sofre, é um sofrimento só. Oh dó! 
Se chove reclamamos da chuva se o sol escalda reclamamos também. Se perdemos algo esquecemos que as derrotas são também conquistas e estas das mais difíceis, pois testam nosso poder de resiliência. 
É dito no fragmento em destaque que tanto a chuva como o sol são necessários para formar um arco-íris, fica a questão: quero formar arco íris? ?????? Tenho paciência e boa vontade para tal? Nesse imediatismo desenfreado estou pronta para lidar com os desafios de forma construtiva? Nem sempre! Digo por mim.
Em vários momentos me pego infantil fazendo “beicinho” querendo "a metade" maior para mim. Querendo desafio nenhum, só pipoca e comidas recreativas.
O maior desafio é aceitar os desafios com a força de adulto, compreendendo que são inevitáveis mesmo nem sempre sendo desejados. 
Desafios? Recebo-os, na maior parte das vezes de nariz torto. E o corpo sofre.  As doenças da "não aceitação" surgem e deparo-me com a absurda necessidade de aceitar para não sucumbir. 
Bom quando conseguimos e saímos vencedores das batalhas que travamos contra nós mesmos. Contra nossa falta de confiança de que o Universo sempre conspira a nosso favor mesmo quando não parece. Distraídos da nossa procedência e DNA divinos.
Fechando magistralmente o fragmento, lemos que os desafios formam os campeões, nossa (des) educação tradicional não vê desafio como algo positivo, sempre envolve um ar de competição, quando na verdade a "luta" é sempre conosco, trabalhando nossos limites e limitações. 
Certa feita, uma aluna comemorava a nota 6 que havia tirado em uma matéria e alguns colegas faziam uma certa "brincadeira", que hoje se chama bullying.
Afinal 6 é uma nota muito aquém do 10 desejado. Ela firme e segura retruca dando pouca importância aos gracejos: 
- Eu que sei como foi duro tirar essa nota, a última foi 2, mais que dobrei.
Ela sai radiante com o troféu na mão encostado ao peito. Eu silencio no meu papel de plateia e por pouco não aplaudo como se aplaudem os grandes vencedores. Principalmente aqueles que vencem a si mesmos na Batalha mais difícil que podemos entrar.
Ilustro com flores da rua que vencem desafios diários e se oferecem belas e generosas para alegrar nossas vidas, que possamos agradecer e aprender com elas!
Chuva de bênçãos para todos aqueles e aquelas que tem vivido a vida vivida plena e linda, repleta de Desafios.


quarta-feira, 2 de março de 2016

TOLERÂNCIA, VAMOS EXERCITAR!


O grande ganho que obtive com o smartphone foi a possibilidade de passar o tempo nos engarrafamentos do Rio de Janeiro produzindo algo. Isto que escrevo hoje, num dia agitado só foi possível graças ao trânsito que insiste em ser moroso, diametralmente inverso ao meu desejo de chegar logo ao local para onde estou me dirigindo.
Fui ler meus e-mails e deparei-me com as mensagens da Brahma Kumaris. O tema hoje era TOLERÂNCIA. Quase não li, devo confessar, visto que ando mexida com esse assunto. Mas quando necessitamos a “coisa” vem, num dos grupos de WhatsApp que pertenço, vem uma mensagem sobre tolerância, ok! ok! Vou encarar!
O interessante é que é fácil teorizar sobre os mais diversos temas, mas quando o testemunho de apresenta, nem sempre oferecemos o que esperávamos de nós mesmos. Paulo o apóstolo a quem muito admiro, disse: “Porque não faço o bem que quero, mas o mal que não quero esse faço. ” Diz isso na epístola aos Romanos 7:19. Pois é!
O texto da Brahma Kumaris enfatiza:
As coisas muito grandiosas tomam forma através do silêncio, solitude e tolerância. Tolerância é a habilidade de acomodar diferentes opiniões e indiferentes atitudes, mantendo o autorrespeito e respeitando os outros. Para reforçar o hábito da tolerância, procure ter uma mente aberta em relação a tudo. Procure entender que cada ser humano possui dentro de si uma bagagem de conceitos, experiências e memórias absolutamente singulares. A tolerância é o poder que valoriza essas histórias pessoais, com respeito e amor. Onde houver tolerância em uma tarefa ou relacionamento, haverá sucesso. ” http://www.brahmakumaris.org/brazil/index_html?set_language=pt 
Oh céus, muito a comentar!!!!!! Começou bem, nos levando a refletir sobre o silêncio e a solitude. Nosso pensamento Ocidental nos distancia desses dois grandes elementos. Vivemos num emaranhado de sons e movimentos físicos e virtuais, negligenciamos momentos de introspecção.  Ficamos conectados “ful time”. Isso não é bom para nós e para aqueles com quem convivemos. 
Curiosa, enfrento o engarrafamento pesquisando os possíveis significados de tolerância. O que me saltou aos olhos foi seu antônimo: Tolerância é o contrário de rigidez, impaciência e rigor. Xi! Já me "gabei" da minha falta de rigidez, caiu por terra essa crise de vaidade. Sou rígida sim em vários momentos, impaciente sim, rigorosa sim, humana sim, culpada! Sai culpa que não te quero!
Tolerância provêm do latim segundo pesquisas "googlorianas" que advém de tolerare (sustentar, suportar), apresenta-se como um termo que define o grau de aceitação diante de um elemento contrário. A tolerância pressupõe sempre um padrão que se estabelece segundo critérios culturais, sociais, et e tal. Usa-se uma referência e aquilo que foge é alvo de intolerância, vemos um sem número de exemplos, religiosa, política, de gênero, e por aí vai.
Um outro ponto a considerar é o chamado para ter uma mente aberta em relação a tudo. Primeiro que tudo é coisa à beça e nem sei se consigo ainda, mas ando no esforço. Um passo de cada vez, pois "o caminho se faz ao andar’ como diz o interessante poeta sevilhano António Machado. Nos caminhos encontrei as flores que ilustram o post. 
O fragmento da BK nos estimula a trabalhar o autorrespeito e o respeito ao outro como boas ferramentas para atingir a tolerância. Mas para nos envolver na tarefa árdua e linda de autorrespeito precisamos de silêncio, solitude, introspecção. Olhar mais para dentro do que para fora. Aí nos respeitando e vendo nosso valor, poderemos perdoar e valorizar o outro mesmo quando pensa diferente de nós. Podemos continuar durante um tempo pensando que “eles” pensam errado, mas vamos compreender, talvez não o pensamento, mas o direito que cada um tem de pensar o que pode e acreditar na verdade que elege...
Muitas e muitas reflexões, mas o engarrafamento termina e chego ao destino desejado, assim outras ponderações virão em outros momentos engarrafados ou não.
Chuva de bênçãos para os tolerantes e para aqueles que estão no caminho, abençoo também os intolerantes, pois sempre tem um sofrimento de intolerância na história de todos nós.