sexta-feira, 30 de março de 2012

CORAÇÃO ABERTO

Fui lá em tempos idos, muito idos,  buscar as palavras de um grande filósofo “Paulo de Tarso” que em romanos 12:2 nos incita a repensar nosso lugar no mundo. Essa fala desse amigo é utilizada por mim com frequência. Sou fã! Ele vai dizendo assim: “Não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos, renovando vossa mente, para poderdes discernir qual é a vontade de Deus.”
Vamos pelo fim, Deus é Pai criador, e como pai, quer sempre o melhor para seus filhos, ok?
Imagino que seja uma boa verdade para se crer, eu creio! Nossa sociedade é teísta, e eu como boa representante, também o sou. Realmente creio em Deus! Percebo mais que simples crença, sinto como verdade inexorável!
Discernir qual a vontade de Deus julgo fácil, ele sempre quer o melhor para nós. Mas os apelos do mundo acabam nos deslocando do caráter real do que é melhor para nós. Colocamos como melhor os atributos e contributos de ordem material e deixamos as questões espirituais relegadas a segundo plano, às vezes terceiro, se seria lícito dar ordem aos planos.
Em fim focamos pouco em nossa essência e distraímo-nos com a nossa aparência. Quem me   pode pensar que sou despreocupada com a aparência, quem me conhece sabe que não. Sou uma mulher do meu tempo, faço academia, vou ao shopping, amo sapatos e bolsas, porém invisto em mim espiritualmente, aprimorando continuamente meu trânsito no mundo, trabalho minha comunicação e meus relacionamentos, que em alguns momentos atravessam revezes e sinto-me escorregando e quando tropeço, levanto e caminho em frente rumo ao acerto.
Esta sou eu, herdeira de mim mesma, com livre arbítrio no mundo encantado da existência. Voltemos a Paulo, que nos estimula a não conformação, mas não nos leva a luta externa e sim a luta real que é travada no mais íntimo de nós mesmos, a mudança que pressupõe uma renovação. A virada para um ser mais independente pleno e bem sucedido.
Renovar a nossa mente é estar aberto ao que está acontecendo e ao que está por vir. Serenamente captando o mais profundo de mim mesma e caminhando para um encontro com meu Eu superior. Vamos, então, embevecidos com a fala de Paulo seguir em frente com o coração aberto e a mente desperta para este admirável mundo novo que nos espera, munidos de acolhimento por nós mesmos e aceitação pelo outro que junto comigo segue a estrada evolutiva que nos leva ao caminho da plenitude e felicidade, que pode, sim, começar neste mundo.
Paz, luz e bênçãos para todos e todas!


O SUCO DE CLOROFILA TERRAPIA É SURPREENDENTE

Dia 26 de março foi um lindo dia, primeiro dia do Projeto Terrapia 2012, foi muito emocionante estar de mãos dadas com 160 pessoas, cantando e dançando "Tembiu Porã, Aguijeveté!' Alimento vivo, alimento  lindo, quero agradecer". Da mesma forma que o povo tupi-guarani, em círculo, reverenciava o milagre da vida. Estive muito emocionada. É sempre uma delícia celebrar a existência. Depois, a degustação do suco de clorofila, algo realmente especial. Fácil, fácil e saboroso, aprendam e façam.
Usamos 2 maçãs processadas no liquidificador, fazendo assim: pique a maça em pequenos pedaços e vá, com um pepino ou cenoura (“biosocador” - esse equipamento tecnológico foi uma descoberta fabulosa, uso muito), mexendo para que a maça se liquefaça por ela mesma, sem líquido, não coloque água mesmo, vai funcionar. Logo após extraia o sumo passando num coador de pano ou voal - essa outra descoberta fantástica. Devolva o sumo da maçã ao liquidificador e acrescente aos poucos muitas folhas verdes, até quase a borda do liquidificador, as folhas são volumosas e ocupam espaço, mas a quantidade de suco não fica imensa. Procuro fazer de manhã no desjejum, mas se não consigo, tomo durante o dia, se sentir que não estou muito bem, tomo mais de uma vez ao dia. As folhas verdes mais fáceis de encontrar e que mais gosto são, couve, chicória, acelga e alface, coloque uma erva aromática para dar um sabor especial, minhas preferidas são hortelã, capim-limão e manjericão, mas tudo que eu faço de chá eu coloco no suco. Na Terrapia sugerem que se use um pouco de ervas aromáticas, não muito. Faço isso. Acrescento uma xícara de semente germinada. Entre no site e veja como germinar, estou ficando craque, testando, experimentando, errando, acertando. Em algum momento escrevo sobre isto. Coe  novamente no coador de voal para retirar as fibras, pois desse modo a clorofila pode ser melhor absorvida, afirmam os "colaboramores" do projeto (eles fazem umas alterações nos nomes que é show, dizem assim: - colaboradores não, sem dores!). Pois é estou curtindo e vou postando. Paz, luz e bênçãos para todos e todas!
Site da Terrapia -  vá lá e curta: www.ensp.fiocruz.br/terrapia

quinta-feira, 15 de março de 2012

O OLHAR TRANSGRESSOR DO UNIVERSO FEMININO

“Não se pode escrever nada com indiferença”
(Simone de Beauvoir)

Território inóspito é a alma feminina. Alma aqui, afastada da sacralidade, se isso pode existir, refere-se a sua essência primeira, repleta de contradições. Oferece-se e esconde-se com uma sutileza toda própria do seu ser. Habita firme e reafirma espaços, retirando-se deles sem parcimônia, como convidada especial, expande-se e contrai-se.
Plena de sutilezas e inundada em dúvidas, a trajetória do feminino do primitivismo aos nossos dias é transgressora, abundante de plenitude. Passo agora a recordar algumas mulheres especiais.
A filósofa Hipátia de Alexandria, já buscava respostas para o desconhecido na longínqua Grécia, e afirmava que era casada com a verdade, causando rebuliço no mundo antigo sendo assassinada pelo preconceito. Heloísa, imortalizada pelo amor profano por Abelardo, num mundo pseudo sagrado medieval, sentiu duras consequências da sua transgressão. Chiquinha Gonzaga delimita espaço na música brasileira sendo a primeira maestrina, neste momento histórico não existia feminino de maestro, não se sabia como dar-lhe título, foi criado, portanto, o termo. Esta sofreu o peso de seu comportamento anarquista numa época em que andar sem chapéu era considerado indecente. E a interessante francesa Simone de Beauvoir, a escritora existencialista que deixou a todos boquiabertos com seu casamento aberto com Sartre. Não podemos deixar de fora a bela Leila Diniz que choca com sua “redondice” a mostra, sexy e despojada exibindo sua gravidez em um biquíni muito moderno, e a sobrevivente do Titanic Molly Brown que estava envolvida na política mesmo antes da mulher ter direito ao voto. Outra mulher especial era a Dona Isaura na Colônia Tavares de Macedo que totalmente comprometida pela Hanseníase, com o rosto e mãos mutilados, passava batom e se enfeitava com pulseiras para receber os visitantes, transgredindo a dor e as lamentações da doença, dando um colorido de alegria torcendo pelo Vasco. Existem muitas e muitas outras, não citadas, não esquecidas.
Transgredir nos dicionários significa a ação de atravessar, ultrapassar, romper limites e demarcar terreno, e isso é eminentemente feminino. Viver não é um fardo, é renovação constante, é superação, é uma experiência de inovação, de reafirmação da sua interação com o outro que se mostra e se mistura através e com você. E na visão do outro o próprio espelhamento se estabelece.
O olhar feminino é urgente e delineado por cores e matizes diversos, não tem padrão, tudo que se diz pode não ser ou urge ser. Olhar feminino flui e transborda.
Na alma transgressora da mulher brasileira sua origem colonial, negra e mestiça emerge em seus atos híbridos por natureza. Ela possibilita-se o confronto com seu dual e ruma à ação criativa, de parir filhos e ideias, de criar crianças e filosofias, de nutrir bebês e ideais. Fartou-se da transferência de sua autonomia e foi guerreando armada da razão e da emoção, firmando-se como ser completo, complexo, simples e integral.
Na contemporaneidade, ainda em marcha na consciência da sua dimensão histórica, prepara-se para o imprevisível e aguarda o porvir como gestação, aproveitando cada dia com um misto de prazer e ansiedade, entendendo que o futuro é perigoso e delicioso e participar é palavra de ordem do momento.
A história do feminino é escrita dia-a-dia, ponto a ponto e cheia de contrapontos nas Marias, Joanas, Danieles, Paulas, Flávias, Anas, Rosas, Adrianas, nas fêmeas de nomes diversos, desejos diversos, na rudeza e beleza da sua diversidade feminil. Sua existência e essência é fato e afeto a múltiplos olhares e rodeada de um sutil mistério que nos tornam tão naturalmente divinas.