terça-feira, 27 de janeiro de 2015

RELACIONAR-SE É ARTE

Relacionar-se é arte. Defrontar-se com as convergências e divergências e estabelecer vínculos exige de você comprometimento, real desejo de lá estar. Treino da lei da abundância, do dar e do receber. É aprendizado constante.
Treino da lei da paciência pois nem tudo é como desejaríamos que fosse.
Relacionar-se é aprender a ceder e negociar, treino cotidiano com boa dose de disponibilidade física e emocional.
Relacionar-se é aprender a esperar permitindo que a árvore frutifique e que os frutos se entreguem maduros e doces é exercício de recolhimento.
É aprender a exercitar o falar e o calar com uma dose de bom senso. Sem calar engolindo sapos que saem multiplicados é exercício de maturidade. Falar com propriedade e suavidade mesmo quando a razão está do seu lado e suas ponderações são legítimas é bom treino e exige atenção e cuidado.
É aprender a ouvir e olhar como prática indispensável.  Ouvir atentamente o que é dito mesmo na hora da brincadeira, entendendo que sem retrucar se processa melhor.  Olhar e observar os gestos e nuances do comportamento é tarefa que exige sensibilidade.
É aprender a aceitar as pequenas nuances e por vezes as grandes diferenças sem julgar, nem apontar, apenas contemplar e administrar. Essa aceitação necessita ser verdadeira para que as cobranças fiquem distantes. E se as cobranças surgirem, perceber e entender que a melhoria é contínua e gradativa, que cada um de nós não pode deixar de ser o que é de uma hora para a outra.
É aprender a celebrar cada gesto, cada vitória, cada sucesso por menor que seja.
Relacionar-se é apostar e acreditar no investimento que está realizando, tendo a certeza do lucro que virá, lucro sólido e abundante.
Que cada um de nós possa se permitir investir nessa possibilidade de encontro. Bênçãos para todos e todas que já estão neste exercício e para aqueles que já caminharam ou caminharão nessa trilha chamada amor.

quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

NOVO JANEIRO NOVO

Janeiro sempre é um mês atípico, você ainda não entrou inteiramente no ano novo, ainda sentindo as ressacas emocionais do réveillon e, em alguns casos, as ressacas físicas que deixam mesmo sequelas. Por outro lado a vida segue te cobrando participação, não temos tempo de nos acostumar com esse novo movimento. Mas é NOVO e sempre cheio de esperanças.
Ganhei da querida Conceição Nobre um livro que trouxe uma reflexão que me tomou de assalto, li, voltei, reli e fiquei matutando. Isso já me aconteceu outras vezes, a primeira que me lembro foi com o maravilhoso livro "Memórias de Adriano" da incrível escritora belga Marguerite Yourcenar. Este livro me reteve no primeiro capítulo que ávida lia sem parar. 
O livro a que me refiro hoje, bem mais simples, é do juiz José Carlos de Lucca, a capa é de uma beleza que me encantou e o título sugere uma boa pegada reflexiva "Alguém me tocou". Além da passagem bíblica conhecida que o próprio livro faz referência, vivemos no trânsito do mundo sendo tocados diariamente por pessoas que passam levemente ou deixam marcas profundas. Sempre "alguém me tocou" surge no cenário literal ou metafórico.
Comecei a ler logo, pois bons leitores não ficam muito tempo com livro novo na estante.  O capítulo "Vida Nova" mexeu definitivamente comigo:
"Para coisas novas, novas ideias, novos comportamentos, novas atitudes, enfim, um novo modo de ser. (...) pretendemos uma vida nova, mas não abandonamos as coisas velhas que estão empoeiradas dentro de nós."
Seja um novo emprego, uma nova casa, um novo cenário geográfico, um novo amor. É importante que se vá fazendo uma limpeza dos resíduos que trazemos dos velhos empregos, das velhas casas, dos velhos amores, das velhas amarras espaço temporais.
Coisas empoeiradas que necessitam ser descartadas são resíduos das nossas disposições afetivas, foram parte integrante do vivido, que perdeu a validade,  juntaram poeira que precisa ser limpa para que se renovem as energias. Tudo flui, afinal.
Mudanças de status trazem novos posicionamentos, e é fundamental a disponibilidade de fazer mudanças reais que nos façam encarar os medos, as verdades, os apegos, os ressentimentos, as angústias que norteiam nossa vida.
As adaptações muitas vezes são difíceis, viver na zona de conforto pode muitas vezes não ser bom, mas é seguro.  Levamos muitas vezes o peso das heranças do passado que ficam amalgamadas no nosso psiquismo.
Desejamos trazer a tona a esperança de que desta vez, com boa vontade e insistência de viver plenamente, "tudo dará certo". Afinal o tudo é criado na esfera do coletivo, na fluência da abundancia.
A lei da abundância gira no dar e receber, nosso coração ainda não é altruísta o bastante para se felicitar com apenas um lado dessa dinâmica. Dar e receber se tornam um mantra que entoado diariamente cria potência. Saber dar e também saber receber com leveza é aprendizado constante de potência de vida pulsando, com alegria e coragem. Assumindo corajosamente o novo status que traz as "dores e delícias de ser o que é". 

Que janeiro se estabeleça dentro de nós, nos começos, recomeços ou apenas na manutenção do que está sendo bem vivido que deve ser renovado sempre. Chuva de bênçãos para este mês tão precioso de novidades.

sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

FRAGMENTOS DA GUERREIRA



Se tem algo que levei de 2014 foi entrar em contato com  minha própria dor. Parar de jogar tristeza para baixo do tapete e encarar as lágrimas frente a frente.
Não foi um ano mais difícil que outros, foi de qualidade diferente. Desapeguei de coisas antigas e abri espaço para coisas novas.
Descobri que estava mais carente do que supunha e me permiti deparar com uma tristeza profunda, ardendo, assumida, que pertence somente a mim.
Chorei andando na rua, no ônibus, no shopping. Penso que amadureci. Senti muita pena de mim mesma até que ri dessa auto piedade fora de propósito. Sou guerreira, vencedora e mereço ser feliz.
Escrevi estes fragmentos da guerreira que pontuo como metáforas de mim. Muita coragem no enfrentamento de minhas mazelas e especial gratidão pelo lindo gatilho oportunizado para que essas reflexões viessem a tona.
Que todos nós sejamos abençoados, um 2015 de luz e paz.

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A Guerreira trabalha suas dores e entra em contato com suas emoções, vive a autenticidade do sofrimento e se modula feminina e decidida, fecunda na criação do seu auto encontro. Às vezes assusta, pois dualidade é marca, mas ama com profundidade, com verdade e paira no mundo com sua doce armadura feita de esperança.
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A Deusa guerreira busca sofrer com alegria porque tem a consciência milenar que a dor é agente de transformações que a tornam mais poderosa. Que a noite sem dormir possa ser um mergulho profundo e renovador em sua intimidade, nutrindo seu Sagrado Feminino.
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A mulher guerreira sente desejo de recolhimento e silêncio para se harmonizar, para trabalhar suas dores profundas, isto leva tempo. Ela se volta para si para lamber as feridas, para arrumar a armadura com serenidade. Quando muito sofrida, deixa a armadura sólida, dura, impenetrável, porém, quando abre o coração para o outro, começa a forjar uma nova armadura, que ventilada, permite que o outro a toque e penetre nesse universo Sagrado Feminino. Que encontre a parceria amorosa o bastante para tecerem em comunhão uma armadura leve usada em tempos de paz.
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A guerreira quando muito ferida, chagas abertas, espada quebrada, se entrega ao cuidado dos amores, que tratam das suas feridas com óleos perfumados do acolhimento, da gentileza, do desvelo. Ela resiste, mas fecha os olhos e deixa o bálsamo do carinho daqueles que a amam percorrerem seu corpo dolorido e se sente plena. Permitir ser cuidada é um exercício de disponibilidade. Que venham novas oportunidades dessa permissão. Gratidão!
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