Hoje se apossou de
mim suave melancolia, um desejo de ficar longe em um lugar que não consigo
descrever, um estado que não posso explicar. É uma sensação de contato extremo
comigo, com meu eu mais primitivo que deseja plenitude e suavidade,
Imersa nestas
impressões me aproximo da estante e vejo Clarice, num livro que ainda não li,
uma compilação de tudo que já conheço e que comprei por impulso no aeroporto. A
capa é linda e o título imenso e delicado: “
As palavras de Clarice Lispector – nada tem a ver com as sensações. Palavras
são pedras duras e as sensações delicadíssimas, fugazes, extremas.”
Pego o livro e
sinto sua textura de livro na sua existência plena livresca. Gosto de livros,
de cheio de livro, das folhas e das possibilidades de interagir com meu próprio
ser, escrevendo nele com a marcação da minha caneta atrevida, ponderando pretensiosamente
com Clarice. “Queria escrever frases
que me extradissessem, frases soltas: “a lua de madrugada”, “jardins e jardins
em sombra”, “doçuras adstringentes do mel”, “cristais que se quebram com
musical fragor de desastre”. Ou então usar palavras que me vêm do meu
desconhecido: trapilíssima avante sine qua non masioty – aí de nós e você.”
É isto! Hoje estou
sem sentido... Lendo pedacinhos dos livros de Clarice, que saboreio com o
deleite de uma jovem aprendiz, nem tão jovem, mas muito aprendiz de si mesma na
esfera do hoje e do amanhã nos braços dessa CLARA LIZ ...