domingo, 22 de agosto de 2021

Crônicas do Chá - Chá Branco

 

Chovia leve em Niterói, ela olhava melancólica pela janela. Havia um canteiro em frente à janela e um sofá colorido escorava seu corpo. Ela estava se sentindo sombria, estava frio e ela sentia ausência de algo, nem sabia bem o que era.
No canteiro a hortelã pimenta era vista pelo espaço entre a espinhenta ora-pro-nóbis e o perfumado limoeiro. Sobre essas plantas ela via as gotículas que se formavam, envergando as folhas e caindo no solo. Ela observava tudo. Por dentro ela também chovia.
Não havia Lágrimas, era só um já conhecido desalento. Existem dias chuvosos por dentro de nós, ela pensava sorrindo, ela chovia-se. Riu da construção da estranha frase "ela chovia-se". Um vento trouxe um aroma de terra molhada com ervas misturadas. Opa, um suave sorriso apareceu. Havia um chá, aquele chá novo para experimentar, "agulha prateada" era seu nome, lindos brotos cobertos por um singelo véu branco. Era uma esperança quente e acolhedora que trazia o sol dissipando a chuva dentro dela. Era um Chá tão delicado.
Passou a língua nos lábios, abriu o pacote e sentiu o frescor floral dessa mágica erva que transformava o triste em alegre. Pegou uma linda xícara e o preparo do chá foi com movimentos lentos, água aquecendo na temperatura ideal, tempo marcado no timer, precisava ser a xícara de chá perfeita, Chá Branco perfeito.
Estava pronto, caminha para a mesma janela com sua xícara de chá, se escora no mesmo sofá, mas ela já era outra. O que faz uma xícara de chá, pensa ela. Agora, apesar da chuva que continuava caindo, ela estava ensolarada com a xícara perfeita do seu chá branco, branco como a paz que agora ocupava o espaço antes sombrio de seu coração. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário