“Não sou sempre flor. Às vezes espinho me
define tão melhor. ”
Clarice Lispector
Acabando de ver o
filme “Steve Jobs”, chorando tudo, choro represado saindo pelos poros. Bom
chorar, alivia o coração, só não dá para ficar afogada no choro senão se perde
a vida lá fora. Ser flor e ser espinho penso clariceando...
Que dificuldade
tinha Jobs de amar para fora. Amava para dentro, escondido, sorrateiro. Muitas vezes o amor é só um
pouquinho para quem recebe, mas quem dá está oferecendo seu melhor. Boa vontade
deve ter aquele que deseja ser amado explicitamente como a pequena Lisa, filha
de Jobs. Ela só desejava se sentir amada, ele por falta absoluta de poder
demonstrar parecia indiferente, frio, distante. Sofrimento para ambos.
Existem pessoas que
transbordam amor e muitas vezes acabam por destilar fel quando não se sentem
amadas. Lisa critica e magoa como defesa de si. Desejosa de receber o amor que
não consegue se expressar. Pessoas que foram mal-amadas ao longo da vida, e não
trabalharam o auto amor, tendem a não conseguir demonstrar o amor que sentem,
amam atrapalhadas e, como Jobs, levam 19 anos para deixarem vir a tona todo seu
poder de fogo amoroso, causando estragos avassaladores.
Pobre Lisa que
esperou tanto tempo para ouvir a explosão de amor, aqueles passos iluminados
em sua direção do incompetente Jobs na arte de amar. Mas vale começar, sempre
vale.
Cada um só oferece o
que tem dentro de si e o medo da entrega distancia e faz sofrer. Quanto tempo
Lisa sofreu e Jobs sofreu e momentos maravilhosos não foram vividos por medo da
entrega. Medo de ser feliz.
Jobs um gênio na
cabeça, rico e poderoso, mas paupérrimo na expressão da amorosidade, a
quilômetros da felicidade que o ladeava e que, no final, acaba por viver, e
vive tão pouco tempo com sua morte prematura em pleno florescer do amor.
O quanto de amor
você pode dar? E receber?
O quanto de amor você
se pensa merecedor de receber? Todo amor do mundo é a resposta. Mereço todo o amor do mundo e vou
começar por me amar profundamente, me amar tão delicada e intensamente que vou
atrair demonstrações explícitas de amor apaixonado, principalmente de mim
mesma. O
quanto de amor você pode dar? Pergunte-se diariamente.
O quanto de amor
você pode receber? Pergunte-se e faça as pazes com as estrelas que brilham para
você toda noite escura, ladeadas pela lua, majestosa dama amorosa nos
abençoando todos os dias.
Enxugando as
lágrimas vou para fora procurar dama tão generosa e me deparo com seus raios
luminosos escondidos entre as nuvens dessas nossas noites outonais.
Chuva de bênçãos para
aqueles que sabem amar rasgadamente, bênçãos especiais também para aqueles que,
como Jobs, estão ensaiando os primeiros passos rumo ao amor que é a essência da
vida.
Que análise linda. Profunda, delicada e generosa. Gratidão, querida. Mais flor que espinhos.
ResponderExcluirGratidão pelo carinho! sempre sempre mais flores...
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