quinta-feira, 26 de janeiro de 2017

Sobre angústia

Shakespeare pode ter dito: "Um fogo devora um outro fogo. Uma dor de angústia cura-se com outra."
Perfeito para o dia de hoje. Quero falar disso. O quadro "O Grito" do pintor norueguês Edvard Munch me capturou na adolescência, a aparência de angústia dessa obra de arte combinava comigo nas crises adolescentes. 
Hoje, eu angustiada no colinho amigo do querido Rodrigo, ambos confidentes, contando  nossas mazelas vividas... ambos angustiados, motivos diversos na mesma raiz: existimos!
E a existência é por si só...angustiante... de quando em vez... viva ao relativismo e ao paradigma quântico que nos liberta para irmos fundo nesse falar sem linealidade, estou uma angustiada confusa e confessa, hoje...amanhã? não sei... sentimentos assim passeiam em mim mas não fazem morada, sou uma otimista contumaz...
A angústia desse GRITO de LEGO me capturou de outra maneira. Era "O grito" mas era  "outro grito" que nos fez sorrir, era a marca criativa e divertida do artista Nathan Sawaya  na exposição "The Art Of The Brick".
Em alguns momentos ele vinha com peças como essa e outras...cortantes, doídas, profundas,  mas era LEGO, muitas crianças de todas as idades lá estavam enternecidas. Via-se nas expressões sorridentes, de poses ao lado das peças coloridas de criação quase lírica, um lindo bailar lúdico profundo.
Era uma profusão de cores contagiantes,
não conseguimos Rodrigo e eu deixar de perceber cada pecinha do alegre material. Era o LEGO, divertido, interessante em suas multifacetadas possibilidades.
Linda exposição, linda companhia, andamos de braços dados, fotografando, rindo, quase chorando, enfim gostando do belo Museu Histórico Nacional, gostando um do outro.
Mas a angústia ia e vinha, passeando brejeira em nossos corações.
Angústia é que nem qualquer coisa: dá e passa e quando temos a possibilidade de dividir, o fardo fica leve, bem mais leve.
Neste momento chove em Niterói, a luz acabou e eu, de varanda, sentada no chão, escrevo... escrevo...
A luz volta, pessoas comemoram, gosto dessa comemoração de volta da luz, sempre me faz sorrir.
A casa se ilumina me chamando para o frescor do ar condicionado, pois calor e angústia é coisa demais para uma quinta-feira de Janeiro,  mês de recomeço.
Chuva de bênçãos para todos que, como eu, tem seus dias nos braços das trevas da angústia. Mas amanhã o sol brilha novamente, um novo dia vai surgir trazendo vida. Essa vida eu abençoo e agradeço. Chuva de bênçãos para a humanidade inteira.


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