terça-feira, 31 de outubro de 2017

Benditas coisas...

Gosto de bênçãos,  os antigos eram sábios e davam e recebiam bênçãos:
"bença pai, bença mãe..." acabou essa tradição. Que pena!
Por conta disso viajei na música "Benditas"  mais de uma vez.
Hoje resolvi registrar as viagens... a voz debochada da martynalia já é provocativa e a Zélia tem um tom que posso ouvir até amanhã de manhã.
A letra é ótima da dupla e o ritmo me alcança pois trabalha exatamente com bênçãos... de um jeito diferente, bem no meu estilo.
Bendiz o que tem e o que não tem, é uma oração que transita alegremente entre o sagrado e o profano. Curti!!!!
"Benditas coisas que eu não sei
Os lugares onde não fui
Os gostos que não provei"
Essa bênção vai para tudo aquilo que ainda está por vir, a fluidez do Universo vai propiciando experiências e nós vamos experimentando... bom que seja com algum critério, senão... as vezes complica... mas tudo bem... o tempo conserta tudo, tudo mesmo.
"Meus verdes ainda não maduros"
Gosto demais disso, tenho tantos verdes em mim e vejo tantos verdes no outro, esses também são abençoados e mostram nossas ações no mundo. Com firme propósito de amadurecer cada um a seu tempo e com todas as potências a desenvolver... a existência terrena é uma viagem, uma boa viagem.
"Os espaços que ainda procuro".
Aí vou viajar mesmo,  trago camille Claudel e suas angústias :
"Há sempre algo de ausente que me atormenta."
Esses espaços nunca estão fora... a loucura de camille é a daquele que procura fora o que está dentro. Bendito tudo que está dentro e benditas as possibilidades de acesso. Faço terapia e sou terapeuta pelas chaves de acesso.
"Os amores que eu nunca encontrei". Bendito aquilo que não chegou porque não era meu... e se partiu é porque a lição já foi aprendida. Aproveitemos a lição, dolorosa em várias situações, mas ensinam...
"Benditas coisas que não sejam benditas". Boa demais essa afirmação, mas afinal o que não é bendito?
Tudo pode ser, de acordo com o olho de quem vê. A visão maniqueísta de classificação tira a potência, cataloga e rotula. E o simples se reveste em trágico ou profano, mas é só simples... simples coisas que acontecem... benditas sejam...
"A vida é curta
Mas enquanto dura
Posso durante um minuto ou mais
Te beijar pra sempre."
A vida longa já é curta para todo prazer que existe, para a manifestação de todo tipo de amor, para todos os beijos que adoçam a vida,  de amantes, de amigos, de pai, de mãe. Beijar pé de bebê é uma delícia macia. É muito beijo no mundo pra beijar. Então... beijemos...
"E desconhece do relógio o velho futuro
O tempo escorre num piscar de olhos
E dura muito além dos nossos sonhos mais puros".
Isso é pura poesia. Nos sonhos o tempo corre célere e desconhece o limite entre passado e futuro. Sonhar é se permitir ir além... sonhemos...
"Bom é não saber o quanto a vida dura
Ou se estarei aqui na primavera futura
Posso brincar de eternidade agora
Sem culpa nenhuma".
Bom acreditar que a vida dura além desse tempo de vida, que muitas primaveras com cores até mais brilhantes poderei apreciar, estando com olhos mais lúcidos e perceptivos. Isso é brincar de eternidade. Culpa é prisão, portanto, sem culpa, sem culpa nenhuma...
E essa delícia de música me embala numa onda de contentamento, sorrio agora enquanto "Canjica", a bendita vizinha canina, repousa a cabeça na minha perna, amorosamente.
Chuva de bênçãos para todos os seres do planeta azul, aqueles que estão entre o sagrado e o profano, como praticamente a totalidade dos viajantes da transitoriedade do tempo. Benditas todas as coisas do mundo, desse tempo, do tempo que já passou e do tempo de regeneração plena que ainda virá.




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