quarta-feira, 10 de janeiro de 2018

SOBRE ESCREVER

"Todos somos intelectuais" quem afirma é o grande pensador político Antonio Gramsci, conheci seus escritos sofridos: "Cadernos do cárcere " no mestrado e foi paixão à primeira linha.
Mas foi  em uma xerox daquelas trocentas da faculdade, que encontrei uma pérola, um fragmento do livro "Os intelectuais e a organização da cultura", Gramsci diz assim:
"Todos os homens são intelectuais(... ) mas nem todos os homens desempenham na sociedade a função de intelectuais(...)não existem não-intelectuais(...)Não existe atividade humana da qual se possa excluir toda intervenção intelectual, não se pode separar o homo faber do homo sapiens(...) Em suma, todo homem, fora de sua profissão, desenvolve uma atividade intelectual qualquer, ou seja, é um “filósofo”, um artista, um homem de gosto, participa de uma concepção do mundo, possui uma linha consciente de conduta moral, contribui assim para manter ou para modificar uma concepção do mundo, isto é, para promover novas maneiras de pensar." Ganhou minha atenção e amizade eterna, esse italiano.
Os mais puristas podem criticar quem se aventura a escrever, como se escrever fosse exclusividade de literatos. Descobri que não, se todos são intelectuais, mais até...se todos podem ser filósofos, estão todos autorizados  a escrever, publicar e divulgar... Até porque gosto é gosto e não existe mau gosto universal, estamos imersos na relatividade afinal...
Isso me move a registrar minhas impressões da vida neste espaço meu, publico o que desejo e sou lida por quem se aventura. Escrevo para me libertar e favorecer a libertação de quem deseja. Sendo eu uma não escritora que escreve, sou um ser que pensa o mundo e quer registrar isso.
Li uma vez que Clarice Lispector disse que escrever seria o domínio dela sobre o mundo, mas Clarice tem licença poética para dominar o que bem deseja. Eu escrevo terapeuticamente para libertar a mim mesma das presilhas do silêncio. Me declaro no mundo... liberto meus ais... sou...
Autorizo, com meu ilimitado poder de declarar, em um espaço que construí para isso, autorizo sim a todos que escrevam, libertem o que está impedindo essa manifestação criativa.
Escrevam com elegância pois já tem deselegância demais por aí, mas... se escolher a deselegância... também não vou criticar... escrevam para exorcizar os demônios internos, para curar as feridas, para celebrar a vida ou se preferir celebrar a morte. A morte da prisão de se esconder de si e do mundo.. ou outra morte qualquer...
Escrevam para si e se resolverem ler o que você escreve,  escreva mais um pouco...
Um dia uma blogueira disse que 10 mil pessoas leram seu blog, uhu... li e nem gostei, mas ela estava ali sendo quem é, soltando os seus bichos, sendo ela em um espaço  democrático sem medo de críticas... Também... se criticarem no meio dessa imensidão de coisas para ler na internet é capaz do criticado nem ler a crítica, pode ser bom...
Então escrevam, publiquem ou não, mas usem qualquer canal de libertação, pode ser outra manifestação, vale desenhar, pintar, cantar,  tocar e por aí vai. O importante é expressão de si, é a possibilidade de catarse...
Chuva de bênçãos neste lindo dia de janeiro onde já choveu, já fez sol e a vida se manifesta perfeitamente imperfeita ou imperfeitamente perfeita, escolham...e sejam felizes do jeito que der...

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