“Tudo vale a
pena se a alma não é pequena”. Esta singela frase de um poema de Fernando
Pessoa, popularizada enormemente, teve um significado para mim em um momento recente.
O poema replico no final da conversa, para que o contexto seja divulgado e a
frase apresente novos significados.
Tive uma experiência
interessante com as “pequenas coisas” das almas grandes. Meu vizinho
atravessando os idos dos setentas anos sofre uma doença degenerativa. Um homem
ativo, trabalhador, aqueles homens de “antigamente” que sabiam fazer de tudo um
pouco, com o ônus e bônus de que isto pode trazer.
Trocar o gás,
lá ia Sr. Carlinhos, a torneira pingou, o pote está ruim de abrir, montar o
móvel que chegou: Sr, Carlinhos, Sr. Carlinhos, ele ia sorridente, até
espantava baratas com um sorriso de desdém protetor.
Mas o tempo
passa...
Hoje ele
chama e lá vou eu retribuindo toda gentileza de anos. Um dia em especial ele me
chamou, fui atender solícita como ele mesmo me ensinou com as práticas
cotidianas, e desta vez eu tive uma das minhas maiores lições, ele queria
mostrar como estava mexendo o pé sozinho e ajudando a subir na cadeira, ele
sorria eu devolvia o sorriso e juntos celebramos as pequenas coisas. Hoje eu
declaro instituído o dia das pequenas coisas.
Bênçãos para
todos e todas que esperam o porvir maravilhoso, repleto, é claro, de pequenas grandes
coisas.
Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!
Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
Quem quer passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu.
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