sábado, 8 de outubro de 2016

SOBRE ABSOLUTO E RELATIVO

"Aprendamos a sair desses círculos austeros e a dar livre expansão ao pensamento. Cada sistema contém uma parte de verdade; nenhum contém a realidade inteira." 
Diz León Denis no seu tão lido livro "O problema do ser, do destino e da dor". Ele nos traz essa reflexão inquietante. Li no face e mexeu comigo. Sempre escrevo sobre o que "me catuca".
O momento do relativismo aí está, mas os velhos paradigmas ainda insistem em montar guarda. Cada um de nós elege um aparato filosófico para alicerçar e justificar suas verdades. E na defesa dessas verdades muito se pode magoar e ofender. Já fui muito defensora das minhas verdades.
Hoje, reflexiono e afirmo que não detenho o monopólio da verdade, ninguém detém. Esse monopólio é da alçada de esferas muito, muito altas... Do único absoluto! Todo o mais é relativo.
Mesmo as minhas práticas mais queridas são fruto do MEU  entendimento e compreensão de mundo. Não quero estar mais certa, quero viver na paz do meu Eu.
Devo desculpas a todos que me pegaram em maus momentos onde eu pensava que estava mais certa que os outros. Ser professora durante tanto tempo facilitou essa escorregada. Preciso me justificar de alguma forma, compreendam.
Suco de maçã com grama de trigo é muito bom, mas aceito se preferir pizza. Podemos sentar na mesma mesa, cada um no seu relativo paladar. E vamos combinar sorrisos gentis e compreensivos, sem críticas ou disputas pelo melhor prato ou copo. Cada um sendo quem é. Simples assim. Estou no exercício..
 Gosto de ser ouvida e tem em mim um "que" exibicionista que nem sempre favoreceu meus relacionamentos ao longo da vida. Minha mãe sentiu bem isso na pele e quem eu namorei também. Desculpas a todos. Exercito minha humildade frágil e desengonçada. Muito exercício para fazer, que beleza que conto com o TEMPO...
Hoje repenso não as práticas mas a defesa destas. Se as práticas são vividas é porque se acredita que são o melhor jeito de viver a vida.  Entendi a duras penas que todos tem um ponto de vista adequado às suas reais possibilidades. Nem mais certo nem mais errado, adequado às SUAS necessidades e visões de mundo.
Jesus tinha um jeito bem acolhedor com essas diferenças e é dele que quero extrair esse exemplo. Falava para quem queria ouvir e compreendia quando não estavam prontos para a audição. Era generoso e entregava o protagonismo a cada um dizendo "Tua fé te curou". Sem críticas, só entendimento. Fazia a parte Dele e nem esperava elogios, só fazia... E era lindo fazendo... sou fã! 
Longe estou da qualidade perceptiva desse nosso irmão mais velho, sábio e amoroso. Mas estou no caminho, seguindo, vagarosamente, dentro das minhas reais possibilidades, esses passos de sandálias empoeiradas pelo tempo.
Nestes momentos que estamos vivendo é prioridade rever os conceitos para que possamos lidar com as diversidades que hoje estão mais explícitas na rua,  na TV, nas conversas aqui e ali. Se não ficarmos atentos iremos dar vazão a falas preconceituosas e desarrazoadas.
Cada um sabe o trilho e a trilha que quer utilizar, as verdades devem sair da esfera do certo e errado e seguir o curso do respeito mútuo, condição essencial para viver em sociedade.
Que todas as manifestações do viver sejam percebidas como parte do processo evolutivo de cada um,  atirar pedras nos telhados alheios traz o esquecimento de que nossos telhados também são de vidro e podem servir de pontaria para um outro irmão desavisado.
Chuva de bênçãos para a possibilidade do relativo que abre espaço para amorosidade e acolhimento que moram dentro do coração de cada um de nós.



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