quarta-feira, 28 de junho de 2017

Sobre supérfluo e necessário...

Afinal o que é necessário para ser feliz? Apenas o necessário? Seria se fossemos mais maduros, mas... ainda necessitamos do supérfluo para dar colorido a vida. E se o supérfluo te colore, supérfluo é necessário...ainda... afinal somos seres em evolução, construindo-nos... não dá para forçar a natureza, acaba sendo auto desrespeito, o que é bem ruim.
Acho lindo quando vejo um desapegado total. Em 2015 um dos homens mais ricos da Índia renunciou a sua fortuna para seguir uma vida espiritual de TOTAL austeridade. Bhanwarlal Doshi criou um império empresarial milionário, tornou-se monge e sentiu que isso era o necessário. Doshi era casado e só usava roupas de luxo, agora será celibatário, usará apenas uma túnica e caminhará descalço. As festas suntuosas darão lugar à meditação e quase toda a sua fortuna será doada para obras da religião. Não foi uma decisão tomada repentinamente, motivada por alguma crise mental ou moral que o empresário teria sofrido. Na verdade, ele passou décadas pensando em abandonar sua riqueza e entregar-se à espiritualidade, discutiu seus planos com sua família que, no início, rejeitou a ideia. Ele levou 3 anos para convencer seus queridos, mas, no fim, foi iniciado como monge em uma cerimônia apoiado por todos: “Estamos orgulhosos dele. A honra e o respeito que ele recebeu quando anunciou sua decisão é algo que precisamos ver para crer”, disse seu filho, Rohit, ao jornal. Amei  Doshi desde que  o vi com sua careca resplandecente e sorriso tranquilo.
Mas... esse é um caso, entre vários, de pessoas que já evoluíram o suficiente para ter clareza do que é necessário.
Sei que a evolução é constante e ininterrupta e estamos todos nessa trilha, mas com a morosidade ou rapidez de cada um, velocidades diferentes para diferentes tipos de pessoas. Isso também é respeitar a diversidade. Sem crítica para quem aprecia o luxo, se puder e quiser, tenha o luxo enquanto ele ainda é necessário.
Gosto da abordagem lúcida de Kardec, que leio com gosto: "O limite entre o necessário e o supérfluo nada tem de absoluto. A civilização  criou necessidades que não existem no estado de selvageria, e os Espíritos que ditaram esses preceitos não querem que o homem civilizado viva como selvagem. Tudo é relativo e cabe à razão colocar cada coisa em seu lugar..."
Muito claro e respeitoso,  a razão colocará tudo em seu lugar. Agora... nós... um pouco desarrazoados necessitamos de um supérfluo mesmo conscientes de como é fugaz o prazer...
Não é necessário que eu vá a Buenos Aires pela quarta vez, mas é bom...
Já tinha o livro "A hora da estrela" da minha Clarice,  mas no meu aniversário ganhei a nova  edição com manuscritos, fiquei muito contente com esse supérfluo que manuseio com alegria quase infantil.. .
Tenho muitas echarpes mas sempre que ganho uma, fico feliz...
Mas dividir o supérfluo faz-nos  treinar o dividir, para que todos tenham um pouco também... é exercício interessante e rende pontos na elevação espiritual.
Arrumar os armários, tirar o que não usa mais, é tarefa interessante, observar que pode ser necessário para alguém alarga os horizontes do compartilhar. E compartilhar é muito bom para quem dá e quem recebe. Alinha a dinâmica da abundância do dar e receber...
Chuva de bênçãos para todos e todas que estão conectados com a abundância divina, trabalhando o necessário e o supérfluo em suas reflexões filosóficas. Chuva de bênçãos para a humanidade inteira. Sempre...

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