quinta-feira, 31 de agosto de 2017

Sobre escolhas e monstros que habitam em nós...

Zapeando em frente a TV, refastelada no sofá, a vizinha canina com a cabeça em minhas pernas em um soninho abusado, cena pitoresca de nada pra fazer, tendo um monte de coisas querendo minha atenção, mas... eu me permitindo fazer nada ...
Licença poética de vida prática de quem trabalhou muito e continua trabalhando...  nos quase sessenta anos se permite ficar sem culpa no sofá... Domenico de Masi me apoia teoricamente... pois é... Nesse ócio criativo, encontro um seriado desses mil que existem, sobre crimes e formas criativas para soluciona-los. Um agente muito sagaz recita  uma boa tirada que atribui a  Stephen King: "Monstros são reais e fantasmas são reais também. Vivem dentro de nós e, às vezes, vencem."
Mas não é que é? Fiquei olhando para o teto esquecida da solução para o mistério do filme. Tudo está mesmo dentro de nós, a nossa realidade vivida é construção total pessoal, uma ínfima parte pertence ao mistério... as Leis insondáveis que repousam no Cosmo... mas o dia a dia é inteiramente de responsabilidade nossa... essa certeza é, por vezes, assustadora... muito assustadora, embora bela e estimulante. É como andar de montanha russa, gostoso mas dá frio na espinha. A vida se assemelha a montanha russa, repleta de altos e baixos.
A construção pessoal a que me refiro tem relação com a faixa vibracional.
Vibro em uma frequência tal que atraio o que também vibra nessa frequência... por isso repetimos erros e atraimos situações muito parecidas para nossas vidas.
Se vivo uma situação abusiva em alguma área da vida, vou acabar atraindo outras situações abusivas. Legitimamos o que recebemos.
Se vivo escassez atraio escassez, se sinto/ recebo inveja, vejo-me sempre nessa situação. Só existe na nossa vida o que permitimos e aceitamos. A questão é abandonar o vitimismo  e assumir as rédeas da própria vida. Se não estamos bem, pronto... podemos virar a mesa e viver as consequências que advêm dessas novas  escolhas. Posso mudar sempre que desejar, sou construtora de meu próprio destino. Todos somos...
Uma coisa eu aprendi mesmo e uso na minha vida: quando saio de algo negativo e me acolho e valorizo, me potencializo e me amo, dá uma virada na vida que atraio exatamente o que estou oferecendo para mim.
É enganoso o paradigma de que temos que esquecer nossas dores, cuidando das dores alheias. Nós NÃO esquecemos nossas dores. Nada é jogado embaixo do tapete sem sequelas. Podemos sim cuidar do outro a moda  do deus  Quiron, o curador ferido, que na mitologia representa aquele que cura os outros com os estudos advindos da busca da sua própria cura. O que se busca na verdade é  nossa própria cura...
A dor está lá e precisa ser cuidada, se não for, vai  inflamar,  arder, doer e te impossibilitar. Portanto, se conhecer  é fundamental para se cuidar. cuidar do outro também é auto curativo.
A frase de Stephen King fica tilintando na minha cabeça : Monstros são reais e fantasmas são reais também... ui!
Vivem dentro de nós e, às vezes, vencem... ui duplo.
Canto pra relaxar: "Nós somos quem podemos ser.. Sonhos que podemos ter... Um dia me disseram que as nuvens não eram de algodão...Um dia me disseram que os ventos às vezes erram a direção". Pensando bem, essa música não relaxa, ela faz pensar também... ando pensando muito... canso de pensar... as vezes... as vezes sim... as vezes não... penso... penso com prazer...
As vezes os monstros vencem e as vezes os ventos erram a direção... temos em nós um emaranhado de pensamentos e sentimentos, nem sempre nobres e gentis. Esses também devem ser acolhidos e compreendidos, esses também somos nós. A aceitação é condição para a transformação. Essa aceitação do lado sombrio em nós, nos leva a aceitação do lado sombrio em tudo que há. Mas como a luz sempre dissipa as trevas, se os monstros venceram hoje, perderão amanhã para o divino que habita em nós e em todas as criaturas.
Chuva de bênçãos para o acolhimento pleno do que habita em cada um de nós, que os monstros possam vencer cada vez menos.


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