domingo, 27 de julho de 2014
quarta-feira, 9 de julho de 2014
APROVEITAR O BOM E DEIXAR PRA TRÁS
Desatar nós é
tarefa hercúlea, por vezes é um nozinho ínfimo e mal apertado, por outras é
corda de navio. Mas a aparente fragilidade de um e a aparente fortaleza do
outro dependem apenas das circunstancias. Estou desatando um nó de mais de 30
anos, deixando para trás a vida acadêmica e indo ao encontro das outras
possibilidades que me chamam, e que estão mais em consonância com o ser que me
tornei. Mas vem uma melancolia e uma já saudade dos carinhos e confrontos.

Foi neste
ambiente que me construi e modelei a argila da minha vocação. Exercitei minha
tolerância, meu respeito, minhas virtudes se desenvolveram, meu olhar amoroso e
disciplinador se transformou em doação.
Ensinei e aprendi,
certamente mais aprendi, na interação constante com a visão do outro. Repensei
certezas, trouxe dúvidas, critiquei e recebi criticas que nem sempre gostei, na
dinâmica perfeita do vai e volta, de estar junto no mundo.
Tenho olhar de
professora, é cacoete profissional, muitas vezes dona da verdade, que com o
tempo continuo vendo cair por terra no clima da relativização.
Hoje, quando
perguntado no consultório médico qual minha profissão, respondi quase sem pensar, no automatismo
deste tempo todo: - professora, ah! não mais. Bem, serei para sempre, rindo
pensei.
Tenho uma
imensa gratidão por todos e todas que participaram desta jornada comigo, mesmo
na dor de atitudes menos construtivas. Treinando a compreensão e a humildade, trago
uma bagagem boa, tarifada pela alfândega das emoções.
Levo cada aluno
na mente e no coração, cada parceiro na força e na determinação e cada líder
como referência do ser e do não ser. Sinto-me mais fortalecida e preparada para
o novo ciclo, a era da carreira solo sem vínculo com a academia a quem tanto
servi, e que me deu em troca a experiência que levo para onde for.
Sinto-me
honrada por fechar com chave de ouro coordenando os cursos de Gestão de
Recursos Humanos e Turismo, tão diferentes, mas que me trouxeram tantas boas
reflexões e ministrando aulas para Biomedicina e Nutrição, que grande troca,
que possibilidade de alargar a mente e oxigenar os saberes.
Minha eterna gratidão
por todos os que passaram por mim nesta jornada, fiz grandes amigos, tive
ótimos exemplos de conduta ética e postura transparente e também, é claro, de
anti exemplos de valores essenciais, que também nos fazem crescer.
Seja bem vindo
o futuro e as novas possibilidades de ação. Bênçãos para todos e todas que
também resignificam a vida, e tem forças e fé para deixar o que precisa ficar
para trás, no lugar onde deve estar.
sábado, 5 de julho de 2014
RESILIÊNCIA NA CONTRA MÃO
O filme
"Clube
de Compras Dallas" tirou
meu sossego. Assisti a esta história pungente com um anti-herói resiliente, sem
caráter e com uma moral própria, eu estava procurando diversão, encontrei inquietação.
Matthew
McConaughey para minha surpresa se revela e ganha merecidamente o Oscar de melhor ator e Jared Leto o Oscar de ator coadjuvante. Duas atuações magníficas, só
isto já vale o filme, ver um trabalho bem realizado é sempre um deleite.
O filme
apresenta reflexões profundas e significativas, preconceitos sendo superados
pela dor de se ver de opressor a oprimido, ocasionando uma baita mudança de
paradigmas em função da mudança de status.
Ele
escolhe um caminho quase surreal, mas consegue seu objetivo: não morrer
imediatamente conforme diagnóstico.
O
trailer pode ser visto em https://www.youtube.com/watch?v=UZaQpgB9ZHg
Essas “viradas
de mesa” são possíveis e vemos com bastante frequência quando se escolhe mudar
de vida, de hábitos, de estilo de vida, mas o nosso anti-herói real, bronco, homofóbico e viciado, trilha
outro caminho dentro de seu momento evolutivo.
Indico
e fico a disposição para discussões sobre os assuntos principais e secundários,
é filme de muitas nuances. Até alimentação, um dos meus assuntos preferidos vem
à tona. Bom assistir algo incômodo e bem construído, provocante e inquietador.
Bênçãos
para todos e todas que abrem a mente para venha o inusitado.
domingo, 25 de maio de 2014
HOJE É DIA DE CHUVA COM HIBISCO
Domingo chuvoso, o sofá me chama acenando
com o edredom, eu resisto e vou me envolver com um amigo novo: o “HIBISCO”.
Nunca havia me detido na importância e sabor desta bela erva que me lembra de
minha infância brincando de comidinha. O hibisco que utilizamos é o mesmo da
linda e ornamental flor que está por aqui, por ali.
Nas minhas pesquisas, encontrei surpresas,
é antioxidante e anti-inflamatória, e até ajuda no controle do colesterol, e
ainda aumenta a imunidade, entre outras propriedades, coisa boa! Além de ser
deliciosa, fiz adesão total.
Um dia no TERRAPIA fizemos um azeite com
hibisco que fiquei fascinada. É fácil, basta só macerar o hibisco em um pilão e
acrescentar o azeite, deixando repousar. Fica uma maravilha para colocar nas
saladas ou onde desejar. Veja o LIVRO VIVO no site e encontre germinação e
muitas receitas de dar água na boca com alimentação viva: http://www4.ensp.fiocruz.br/terrapia/
Hoje fiz uma invencionice: Um leite de
inhame, capim limão e hibisco, tudo assim “no olho”, um pequeno inhame, um
punhado de hibisco que deixei em um copo d’água um tempo antes e capim limão
que colhi da minha pequena horta. Bati tudo e coei, sabor exótico, diferente,
amei! Gosto de experimentar, de me surpreender com os sabores, odores e
texturas.
Juntei este leite vegetal com uma linhaça
que eu havia deixado de molho de véspera para o desjejum, deixei com água para
ficar uma geleia. Depois de explorar o sabor do leite sozinho, acrescentei meio
abacate que ganhei de presente, adoçando com tâmaras ficou um “manjar do céu”
como dizia Gilmar, meu amigo, que já nos deixou. Pessoas queridas é o que eu
tenho em abundância e que me favorecem com presentinhos como o abacate que
degustei hoje.
Bom domingo para todas e todos que
transitam na jornada da vida e fica aqui uma bênção de leveza, da Brahma
Kumaris para uma meditação: http://www.brahmakumaris.org/brazil
"Para experimentar leveza, considere-se apenas luz.
Sem peso e além da atração da matéria,
a alma pode voar e tocar a liberdade verdadeira.
Assim, torna-se fácil ficar acima dos problemas e manter a
mente clara,
perspicaz e livre de escravidão.
A descoberta da sua própria leveza atrai e eleva os outros.
Sua boa companhia removerá
as preocupações da mente e o peso do coração deles"
quinta-feira, 15 de maio de 2014
A FORÇA CONSTRUTORA E DESTRUIDORA DAS PALAVRAS
“As palavras não têm a ver
com as sensações. Palavras são pedras duras e as sensações delicadíssimas,
fugazes, extremas.”
Este
fragmento de Clarice Lispector fez, hoje, um sentido excepcional e tenho sido perturbada nestes últimos tempos por ele. Como sentir na pele a dureza das
palavras e aprender a processá-las de forma acolhedora? Sentindo todo sofrimento
cabível e realizando um esforço para proceder à compreensão do contexto sem permitir
que as sensações “delicadíssimas” e “extremas” te paralisem?
A
cada dia nossa dualidade se mostra, e nossa decisão de se construir um ser
melhor é colocada em xeque. Mergulhar na dor da dureza das palavras e extrair
delas o núcleo sadio, para que as sensações delicadas se tornem mais bem
elaboradas, de extremas, se tornem equilibradas é tarefa lamentosa e complexa.
Exige de nós recolhimento, reflexão, sofrimento, meditação. Muitas perguntas,
muitas indagações...
Vem
um lampejo da culpa judaico-cristã, que me persegue, e que o processo terapêutico tem minimizado, encontro aí no núcleo são da
minha loucura, a possibilidade da minha fragilidade de comunicação reverberar
no ambiente e trazer estas pedras duras e destrutivas, eu criando a
possibilidade da destruição com minha inabilidade face ao mundo.
Trago
a dor intensa de Clarice para utilizá-la como advogada de minha própria dor e
melancolia. “Só os vira-latas me entendem”, quando li, reli e sorri,
identificação total. Os vira-latas aceitam o que lhes é ofertado e entendem com
a fidelidade dos sentidos que foi dado o possível, o que se podia oferecer. E
alegres, abanam o rabo, definitivamente busco ser o vira-latas da Clarice, com
meu metafórico rabo do esforço supremo no entendimento, que busco intensamente,
sofregamente...
Clarice
também me ensina enfaticamente: “calar-se é nascer de novo”, isto eu entendo
mais com a razão do que com a ação, tanto que estou aqui na antítese do calar,
expressando publicamente minha amargura, me recusando ao “nascer de novo”
próprio do silêncio. Busco o silêncio e
a calmaria com lupas de alto nível que encontram barreira na minha miopia de
alto grau.
Lanço
mão das palavras construtoras de Clarice, para que venham ao meu auxilio e me
amparem para extrair o que de bom posso tirar do destrutivo que encontro nas
palavras manifestas.
Afundada
em meu sofá mais ou menos confortável me vem a inspiração, e mesmo sem
inspiração desejo expandir e dizer o que hoje eu sinto. Que bom que “fugazes”
aparece nas palavras, e estas sensações irão se dissipar com o vento que tem
todo poder de levar para bem longe, deixando apenas as lições no fundo da alma
inquieta e sofrida, que se constrói a cada dia com as pedras duras que recolhe
no caminho. Tenho fé em meu poder de transmutação, sou camaleoa, mutante e
desenfreada.
Para
finalizar trago mais uma vez o aporte delicioso dela, minha musa, a quem chamei todo tempo neste discurso
pé de chinelo roto e cansado. “Não se escreve para a literatura, escreve-se para cobrir um vazio, vencer a descontinuidade.” Pronto!
Clarice, é isso mesmo! Hoje tagarelo em toques digitados para cobrir o vazio
deste momento e para romper a descontinuidade com uma nova descontinuidade e
agora calar.
quinta-feira, 1 de maio de 2014
segunda-feira, 21 de abril de 2014
HOJE É DIA DE MELANCOLIA
Hoje se apossou de
mim suave melancolia, um desejo de ficar longe em um lugar que não consigo
descrever, um estado que não posso explicar. É uma sensação de contato extremo
comigo, com meu eu mais primitivo que deseja plenitude e suavidade,
Imersa nestas
impressões me aproximo da estante e vejo Clarice, num livro que ainda não li,
uma compilação de tudo que já conheço e que comprei por impulso no aeroporto. A
capa é linda e o título imenso e delicado: “
As palavras de Clarice Lispector – nada tem a ver com as sensações. Palavras
são pedras duras e as sensações delicadíssimas, fugazes, extremas.”
Pego o livro e
sinto sua textura de livro na sua existência plena livresca. Gosto de livros,
de cheio de livro, das folhas e das possibilidades de interagir com meu próprio
ser, escrevendo nele com a marcação da minha caneta atrevida, ponderando pretensiosamente
com Clarice. “Queria escrever frases
que me extradissessem, frases soltas: “a lua de madrugada”, “jardins e jardins
em sombra”, “doçuras adstringentes do mel”, “cristais que se quebram com
musical fragor de desastre”. Ou então usar palavras que me vêm do meu
desconhecido: trapilíssima avante sine qua non masioty – aí de nós e você.”
É isto! Hoje estou
sem sentido... Lendo pedacinhos dos livros de Clarice, que saboreio com o
deleite de uma jovem aprendiz, nem tão jovem, mas muito aprendiz de si mesma na
esfera do hoje e do amanhã nos braços dessa CLARA LIZ ...
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